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Uma destas noites sonhei que poderia viver assim. Com o assim, quero eu dizer viver da escrita. Sim, eu gosto de escrever. Às vezes até gosto muito de escrever. Já houveram dias que me apaixonei por aquilo que escrevi. Outros houveram que não. Mas isso, creio que nem todos os dias o pão saí bonito do forno.
No meu sonho eu escrevia sempre. Escrevia de manhã e à tarde e à noite esempre que me apetecia e e ainda podia dar passeios largos pela praia quando o dia finda e a noite ainda não caiu. Não sei se vendia livros nem ninguém veio pedir-me autógrafos. Não tenho presente a parte pragmática do sonho. Também, pouco importa já que nos sonhos não é preciso comer e a roupa nunca se gasta. Tenho só presente que escrevia e o prazer que tinha com o acto.
Sonhar faz bem e ter conhecido a sensação - os sonhos podem por vezes ser bem reais - de fazer da vida o que se gosta, também. Na verdade, que seria de nós sem os sonhos? Todos os sonhos. Os que temos a dormir mas também os que temos acordados.
Cláudia Moreira
o tempo.
o tempo que voa e a vida também
se veste de outono e fios de prata.
o tempo.
conheço-o de o ver passar
na minha janela.
o tempo.
fecho-lhe a porta que ele teima
em tranpôr para me abraçar.
o tempo.
não existe.
é mera palavra de dicionário.
se existir, lanço-o no céu
como um papagaio de papel.
há-de então perder-se no vento
que despenteia a copa das árvores
e anuncia a tempestade.
o tempo.
não existe em mim,
mas fora de mim.
cláudia moreira
es·cri·ta
1. Arte de escrever.
2. Coisa que se escreveu.
3. Lição de escrever.
4. Forma de letra; caligrafia.
5. Escrituração comercial.
6. [Brasil] Forma habitual ou esperada de algo acontecer. = ROTINA