por cineteratura100mg, em 06.05.14
O Fabuloso Teatro do Gigante de David Machado
Quando peguei no livro foi porque o titulo me chamou a atenção. Gosto de passear nos corredores da biblioteca, olhar as lombadas, ler os títulos, passar-lhes o dedo, pôr-me nas pontas dos pés para ver os de cima e ajoelhar-me no chão para ver os de baixo. Tem dias que trazer dois livros não chega. Percebi então que este David era o mesmo do Índice Médio da Felicidade, sobre o qual ainda hei-de vir a falar.
Algumas páginas de leitura e fiquei presa à narrativa cheia de imaginação e extremamente bem escrita. Já me tinha acontecido o mesmo no IMdF. Notei ainda com o avançar da leitura que havia ali influências de um autor de que gosto muito, o nosso recentemente falecido Gabo. Que me perdoe o autor se me engano mas não consigo deixar de associar os dois estilos, especialmente pela incrível imaginação presente na história mas também pela forma como o autor constantemente faz saltos temporais, designadamente para o futuro.
David Machado acabou de se instalar na lista dos meus autores portugueses preferidos.
Recomendo a leitura.
Após ter vencido o prémio Branquinho da Fonseca com o livro infantil A Noite dos Animais Inventados, a estreia de David Machado no romance é absolutamente arrebatadora, fulgurante e poderosa. Augura-se uma promissora carreira para este jovem autor português que se evidencia neste trabalho pela técnica narrativa, originalidade e imaginação surpreendentes, entrecortadas por laivos humorísticos num verdadeiro apelo à leitura. Todos estes ingredientes conjugados com o fascínio de um dom natural com que David Machado nos presenteia tornam irresistível conhecer um universo de sonho e fantasia, irreal e profundo. Lá para os confins do Minho fica uma aldeia isolada, tão isolada no meio das serras que os seus habitantes vivem como num tempo sem tempo. Um dia dois forasteiros chegam. Um homem de estatura colossal, a quem logo chamam o Gigante, mas que na realidade tem por nome Thomas, e Eunice, uma mulher pequena de cabelos cor de fogo que dentro em breve daria à luz dois gémeos. Ele, originário de um incerto país latino-americano, é um grande contador de histórias. Um dia, porém, o gigante adormece e o seu sono prolonga-se por meses, anos, mas continua a contar as histórias com que vai sonhando. Uma obra que vai dar que falar pela sua qualidade inegável e que constitui uma lufada de ar fresco nas letras portuguesas.