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a perfeita ordem das coisas
quando não estás
o universo fica desarrumado.
vira-se do avesso.
enviesa-se.
anda da frente para trás
e a gravidade multiplicada
faz-me mais pequena.
quando não estás
há o caos nos meus pés
que se enrolam e me tombam.
e nas minhas mãos também,
que deixam de saber tecer o presente.
na verdade em todo o meu corpo
que desaprende o sorriso
e a arte da paciência.
quando não estás
não há linha do tempo
nem sol.
e a chuva sobe e há nuvens verdes
porque leva as florestas para o céu.
quando não estás
o universo fica em pantanas.
por isso,
vem depressa,
para que o universo se recomponha.
e eu também.
cláudia moreira
o tempo.
o tempo que voa e a vida também
se veste de outono e fios de prata.
o tempo.
conheço-o de o ver passar
na minha janela.
o tempo.
fecho-lhe a porta que ele teima
em tranpôr para me abraçar.
o tempo.
não existe.
é mera palavra de dicionário.
se existir, lanço-o no céu
como um papagaio de papel.
há-de então perder-se no vento
que despenteia a copa das árvores
e anuncia a tempestade.
o tempo.
não existe em mim,
mas fora de mim.
cláudia moreira